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sábado, 19 de novembro de 2011
HOMENAGEM AO MEU AVÔ JAIME BERNARDO
Homenagem
ao meu avô.
Este é para homenagear a memória de meu
avô, Jaime Bernardo De Sousa, o Jaime Bernaldo, falecido quarta feira, 31 de
Agosto de 2011, deixando-nos na saudade imensa, na dor da perda, e a certeza que, por
mais longa que seja a vida, um dia tem o seu término.
Foram 82 anos completos de uma vida
resumida em duas palavras: missão cumprida. Meu avô não enriqueceu, não correu
atrás de garimpos e suas lavras e faisqueiras, não arriscou a sua vida em
caminhos incertos atrás de dinheiro fácil ou difícil, que fossem. Suas
principais marcas eram o trabalho e a honestidade. Meu avô era camponês
agricultor. E pai de família por profissão. Jamais faltou a quaisquer de seus
filhos o máximo que ele pudesse dar para a sobrevivência dos mesmos. E quando
todos cresceram, foi igualmente dada a cada um a oportunidade de aprenderem a
ler, escrever e estudar. Seus filhos, na maioria, esforçaram-se em trabalhar e
constituir famílias. São quatro grandes núcleos familiares que saíram de suas
filhas casadas, todas nascidas com saúde, amor e dignidade. Alguns de seus
netos e netas, que começaram a nascer, têm também suas famílias formadas, são
netos a constituir mais ramos e galhos nessa árvore que tem em Jaime Bernardo o
seu tronco. Suas filhas, netos, bisnetos e sobrinhos mantêm em si a consciência
de que todos nós sejamos um grupo só, ligado pelos laços consanguíneos. Assim,
somos todos a mesma família, por mais diversos que forem os rostos, estaturas,
cor da pele. Os genros, satisfeitos ou não com suas esposas, jamais deixaram de
respeitá-lo e ver nele o exemplo de correção e honestidade.
Meu avô nunca foi materialista, nunca vi
nele ambição desenfreada. Conformou-se logo com a estabilidade trazida pela
força de seus braços e suas experiências de homem do campo. Por isso jamais
rondou pela casa de meu avô a fome, a carência. Jamais vi meu avô esbanjar
dinheiro ou comida, e na sua casa sempre havia paz. Meu avô trabalhou até a
velhice. Quando o tempo lhe obrigou a aposentar-se de vez, era um homem ativo,
que continuou a cultivar as suas amizades e sempre ligado a Deus, achando na
religião o consolo para seus dias de velhice e para sua existência limitada ao
que suas muitas décadas deixavam fazer.
Jamais presenciei uma briga sequer entre
ele e sua esposa, a minha avó Maria das Neves, ou mesmo entre ele e uma de suas
filhas. Não afirmo que conflitos não tenham existido. Mas ressalto que se algo
aconteceu, foi resolvido de maneira civilizada e discreta, não sobrando a
nenhum de nós, netos ou estranhos, o peso de assistir a isso. Não somos pessoas
habituadas a assistir brigas entre nossos pais e meu avô foi o grande
responsável por isso, por sempre manter para todos nós um lar de paz.
O que mais marcava na sua personalidade
eram duas características. A primeira delas era seu humor incomum.
Períodos de seriedade e introspecção eram alternados por gracejos e piadas
inteligentes. Meu avô era um excelente contador de histórias, criativo, da
presença de todos seus filhos e netos. Meu avô era exigente, mimado por suas filhas,
sempre foi o homem da casa e sua opinião jamais foi ignorada por quaisquer que
sejam. Sua palavra sempre foi lei para aqueles que o obedeciam. Protegia aos
seus com a própria vida, se pudesse. Essa é a segunda característica que mais o
marcava. A lealdade. Sempre foi leal a quem o ajudou, apoiou a todos que sempre
o ajudaram, sem se envolver de maneira efetiva com política ou disputas. Nunca
foi materialista ou ambicioso. Sempre teve o que quis ou o que precisou. Jamais
bajulou políticos em troca de dinheiro. Nenhum de nós aqui é o que é porque
nosso avô tentou nos colocar em algum lugar. Dele recebemos o exemplo: dois
braços para trabalhar e nada do que se envergonhar no fim de toda uma vida.
Meu avô deve ter cometido muitos erros.
Ele era humano. Mas nenhum de nós consegue se lembrar de um deles sequer agora.
Todos os defeitos dele são banais, comuns e nenhum supera as suas melhores
qualidades. Meu avô era um homem de seu tempo, e à medida que envelhecia,
tornava-se habituado às coisas para conviver bem com tudo. Sua existência há de
deixar saudades. Enche-nos de gratidão sabermos que somos o que podemos ser
graças a ele. E seu exemplo nos enche de coragem para sermos mais, se pudermos.
E se não pudermos, podemos ver pelo seu exemplo que nesse mundo cruel, podemos
terminar nossas vidas com dignidade e conforto, assim como ele terminou. Profundo
conhecedor das coisas do campo, da lida com gado, recebe de nós, seus mais
amorosos e chegados parentes, a homenagem devida. Ele se foi de nós e está lá
em cima, brincando de cuidar do campo de Deus, que deve estar feliz ao ver que
dele saiu um bom homem, que há sete dias a Deus retornou em paz, com a
missão cumprida e exemplo dado.
Obrigado, vovô. Há muito que queríamos
ter dito, há muito que queríamos que soubesse de nós, falando face a face.
Nesse mundo, aprendemos a ser cruéis conosco e com aqueles que amamos. Nem
sempre, quando temos oportunidade, olhamos no rosto daqueles que amamos muito e
dizemos o quanto são importantes. Mas não poderemos dizer isso ao senhor,
porque já foi embora. Agora, espero que descanse nos braços de Jesus e Maria,
que ambos possam ser o seu conforto. A esperança que nos resta é de um dia
reunirmo-nos todos consigo nos céus e que possamos de novo ser a mesma família
com seu patriarca junto de nós. A tristeza, vovô, que está estampada nos nossos
rostos, há de ser passageira. Já nascemos sabendo que a morte é inevitável. E
sabemos também que a alegria da sua lembrança há de permanecer. Mas
infelizmente o senhor é insubstituível em nossos corações e nossas vidas e
nossos olhos em lágrimas são a prova maior de que nosso amor pelo senhor não
teve início e jamais terá fim.
De sua Esposa, Filhas, Genros, Sobrinhos
e Sobrinhas, Netos e Netas, Bisnetos e Bisnetas enfim, de todos os parentes e
amigos, esta homenagem é pra você Jaime Bernardo De Sousa.
Obrigado vovô.
Este é para homenagear a memória de meu
avô, Jaime Bernardo De Sousa, o Jaime Bernaldo, falecido quarta feira, 31 de
Agosto de 2011, deixando-nos na saudade imensa, na dor da perda, e a certeza que, por
mais longa que seja a vida, um dia tem o seu término.
Foram 82 anos completos de uma vida
resumida em duas palavras: missão cumprida. Meu avô não enriqueceu, não correu
atrás de garimpos e suas lavras e faisqueiras, não arriscou a sua vida em
caminhos incertos atrás de dinheiro fácil ou difícil, que fossem. Suas
principais marcas eram o trabalho e a honestidade. Meu avô era camponês
agricultor. E pai de família por profissão. Jamais faltou a quaisquer de seus
filhos o máximo que ele pudesse dar para a sobrevivência dos mesmos. E quando
todos cresceram, foi igualmente dada a cada um a oportunidade de aprenderem a
ler, escrever e estudar. Seus filhos, na maioria, esforçaram-se em trabalhar e
constituir famílias. São quatro grandes núcleos familiares que saíram de suas
filhas casadas, todas nascidas com saúde, amor e dignidade. Alguns de seus
netos e netas, que começaram a nascer, têm também suas famílias formadas, são
netos a constituir mais ramos e galhos nessa árvore que tem em Jaime Bernardo o
seu tronco. Suas filhas, netos, bisnetos e sobrinhos mantêm em si a consciência
de que todos nós sejamos um grupo só, ligado pelos laços consanguíneos. Assim,
somos todos a mesma família, por mais diversos que forem os rostos, estaturas,
cor da pele. Os genros, satisfeitos ou não com suas esposas, jamais deixaram de
respeitá-lo e ver nele o exemplo de correção e honestidade.
Meu avô nunca foi materialista, nunca vi
nele ambição desenfreada. Conformou-se logo com a estabilidade trazida pela
força de seus braços e suas experiências de homem do campo. Por isso jamais
rondou pela casa de meu avô a fome, a carência. Jamais vi meu avô esbanjar
dinheiro ou comida, e na sua casa sempre havia paz. Meu avô trabalhou até a
velhice. Quando o tempo lhe obrigou a aposentar-se de vez, era um homem ativo,
que continuou a cultivar as suas amizades e sempre ligado a Deus, achando na
religião o consolo para seus dias de velhice e para sua existência limitada ao
que suas muitas décadas deixavam fazer.
Jamais presenciei uma briga sequer entre
ele e sua esposa, a minha avó Maria das Neves, ou mesmo entre ele e uma de suas
filhas. Não afirmo que conflitos não tenham existido. Mas ressalto que se algo
aconteceu, foi resolvido de maneira civilizada e discreta, não sobrando a
nenhum de nós, netos ou estranhos, o peso de assistir a isso. Não somos pessoas
habituadas a assistir brigas entre nossos pais e meu avô foi o grande
responsável por isso, por sempre manter para todos nós um lar de paz.
O que mais marcava na sua personalidade
eram duas características. A primeira delas era seu humor incomum.
Períodos de seriedade e introspecção eram alternados por gracejos e piadas
inteligentes. Meu avô era um excelente contador de histórias, criativo, da
presença de todos seus filhos e netos. Meu avô era exigente, mimado por suas filhas,
sempre foi o homem da casa e sua opinião jamais foi ignorada por quaisquer que
sejam. Sua palavra sempre foi lei para aqueles que o obedeciam. Protegia aos
seus com a própria vida, se pudesse. Essa é a segunda característica que mais o
marcava. A lealdade. Sempre foi leal a quem o ajudou, apoiou a todos que sempre
o ajudaram, sem se envolver de maneira efetiva com política ou disputas. Nunca
foi materialista ou ambicioso. Sempre teve o que quis ou o que precisou. Jamais
bajulou políticos em troca de dinheiro. Nenhum de nós aqui é o que é porque
nosso avô tentou nos colocar em algum lugar. Dele recebemos o exemplo: dois
braços para trabalhar e nada do que se envergonhar no fim de toda uma vida.
Meu avô deve ter cometido muitos erros.
Ele era humano. Mas nenhum de nós consegue se lembrar de um deles sequer agora.
Todos os defeitos dele são banais, comuns e nenhum supera as suas melhores
qualidades. Meu avô era um homem de seu tempo, e à medida que envelhecia,
tornava-se habituado às coisas para conviver bem com tudo. Sua existência há de
deixar saudades. Enche-nos de gratidão sabermos que somos o que podemos ser
graças a ele. E seu exemplo nos enche de coragem para sermos mais, se pudermos.
E se não pudermos, podemos ver pelo seu exemplo que nesse mundo cruel, podemos
terminar nossas vidas com dignidade e conforto, assim como ele terminou. Profundo
conhecedor das coisas do campo, da lida com gado, recebe de nós, seus mais
amorosos e chegados parentes, a homenagem devida. Ele se foi de nós e está lá
em cima, brincando de cuidar do campo de Deus, que deve estar feliz ao ver que
dele saiu um bom homem, que há sete dias a Deus retornou em paz, com a
missão cumprida e exemplo dado.
Obrigado, vovô. Há muito que queríamos
ter dito, há muito que queríamos que soubesse de nós, falando face a face.
Nesse mundo, aprendemos a ser cruéis conosco e com aqueles que amamos. Nem
sempre, quando temos oportunidade, olhamos no rosto daqueles que amamos muito e
dizemos o quanto são importantes. Mas não poderemos dizer isso ao senhor,
porque já foi embora. Agora, espero que descanse nos braços de Jesus e Maria,
que ambos possam ser o seu conforto. A esperança que nos resta é de um dia
reunirmo-nos todos consigo nos céus e que possamos de novo ser a mesma família
com seu patriarca junto de nós. A tristeza, vovô, que está estampada nos nossos
rostos, há de ser passageira. Já nascemos sabendo que a morte é inevitável. E
sabemos também que a alegria da sua lembrança há de permanecer. Mas
infelizmente o senhor é insubstituível em nossos corações e nossas vidas e
nossos olhos em lágrimas são a prova maior de que nosso amor pelo senhor não
teve início e jamais terá fim.
De sua Esposa, Filhas, Genros, Sobrinhos
e Sobrinhas, Netos e Netas, Bisnetos e Bisnetas enfim, de todos os parentes e
amigos, esta homenagem é pra você Jaime Bernardo De Sousa.
Obrigado vovô.
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