Secretário do Ministério do Planejamento morre sem socorro Infartado,
homem forte de Dilma Rousseff nas negociações com o funcionalismo teve
o atendimento recusado em dois hospitais por não ter um talão de
cheques em mãos
Publicação: 20/01/2012 07:14 Atualização: 20/01/2012 07:16
Brasília
- O secretário de recursos humanos do Ministério do Planejamento,
Duvanier Paiva Ferreira, morreu às 5h30 de ontem, aos 56 anos. Após
sofrer um infarto agudo do miocárdio quando estava em casa, na capital
federal, ele teria sido levado aos hospitais Santa Lúcia e Santa Luzia.
Mas, sem um talão de cheques em mãos, teria tido o atendimento negado.
Ele era conveniado da Geap, plano não coberto pelos dois hospitais,
segundo as centrais de atendimento. Quando chegou ao Hospital Planalto
- o terceiro na busca por uma emergência -, o quadro já estava avançado
e os médicos não conseguiram reanimá-lo. Duvanier era o responsável
pela gestão de pessoas dos servidores públicos federais e o homem forte
da presidente Dilma Roussef para liderar as negociações com sindicatos
e demais entidades representantes do funcionalismo.
Saiba
mais...Procurado pelo Estado de Minas, o Hospital Santa Lúcia informou
que o caso estava sendo avaliado pelo seu Departamento Jurídico. O
Santa Luzia assegurou não ter qualquer registro da entrada de Duvanier
na emergência. "Iniciamos um levantamento para verificar o assunto",
assegurou Marisa Makiyama, diretora técnico assistencial do
estabelecimento. O Hospital Planalto ressaltou que não se pronunciaria
devido ao fim do expediente das pessoas responsáveis.O infarto ocorreu
em plena campanha salarial de 2012, em um ano que os servidores ameaçam
fazer uma greve generalizada de todas as categorias. Enquanto o governo
bate o pé que o orçamento não comporta mais reajustes como os que foram
oferecidos ao longo do segundo mandato do presidente Lula, quando
vários sindicatos obtiveram ganhos acima da inflação, o funcionalismo
não se conforma em ficar de mãos vazias. Em meio ao fogo cruzado,
Duvanier era considerado pelos dois lados como o homem ideal para
comandar as negociações."É uma perda irreparável, tanto para a gestão
pública como para o sindicalismo", desabafou o presidente da Central
Única dos Trabalhadores (CUT) Artur Henrique da Silva. Antes de entrar
para o Ministério do Planejamento, Duvanier foi dirigente do Sindicato
dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo
(Sindsaúde-SP), diretor da CUT estadual de São Paulo e assessor da
Secretaria Geral da CUT nacional. No cargo de secretário de formação da
CUT-SP, fundou e coordenou a Escola Sindical de São Paulo. Foi também
chefe de gabinete da Secretaria de Gestão Pública da Prefeitura de São
Paulo e assessorou a presidência da Empresa Brasileira de
Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).Ele iniciou a carreira no
governo em junho de 2007, a convite de Lula, e foi reconduzido ao cargo
na gestão de Dilma Rousseff. Em nota, a presidente ressaltou que
Duvanier teve uma trajetória política destacada. "Sua inteligência,
dedicação e capacidade de trabalho farão muita falta à nossa
administração", afirmou ela. Muito abalada, a ministra do Planejamento
, Miriam Belchior, lembrou que Duvanier simbolizava a política de
recursos humanos do governo federal. O corpo foi velado ontem, no
cemitério Campo da Esperança. No fim da tarde, foi transportado a São
Paulo, onde será enterrado hoje, no Cemitério de Congonhas.
Inquérito
A
Polícia Civil do Distrito Federal abrirá inquérito para apurar as
condições e o atendimento recebido por Duvanier Paiva nos hospitais. Se
comprovado que houve negligência, os responsáveis poderão ser punidos.
A exigência de cheque, cartão ou outros valores a título de caução,
para pacientes que alegam possuir plano de saúde é expressamente
ilegal, de acordo com o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor. Além disso, "o Código Civil
protege o cidadão das cobranças abusivas no que é classificado como
Estado de Perigo, que são essas situações extremas na qual o sujeito
está defendendo a própria vida, como quando ele chega a um hospital
buscando atendimento de emergência", enfatizou Joana Cruz, advogada do
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Fonte: http://sindjufe-mt.jusbrasil.com.br
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